Segundo o historiador grego Estrabão, o rei Alexandre Magno teria recebido a visita de celtas, por volta do século IV AEC (Antes da Era Comum, ou seja, antes de Cristo). Quando o rei perguntou-lhes do que tinham mais medo, responderam: “apenas que o céu nos caia sobre a cabeça”. É assim que os sábios celtas exprimiam a sua confiança num universo ordenado: enquanto tudo estivesse no seu devido lugar, não precisariam ter medo de nada!

O fato é que esses povos celtas realmente não tinham razões para temer (ao menos, não pelo céu!). Recentemente, pesquisadores da Universidade de Nova Iorque demonstraram que extinções em massa, tanto no continente quanto nos oceanos, ocorrem a intervalos de aproximadamente 27,5 Ma (milhões de anos). Isto coincide com grandes impactos de asteroides e enormes derrames de lava, que são as causas potenciais para tais extinções.

De acordo com os estudos estatísticos desses cientistas, as extinções em massa de animais terrestres coincidem com as da vida marinha, e acontecem a cada 27,5 milhões de anos. Curiosamente, as crateras de impacto, criadas pelos meteoros que se chocaram com a superfície da Terra, são datadas com os mesmos intervalos de tempo.

E o que poderia causar essa periodicidade das extinções em massa e dos impactos de asteroides? Astrofísicos sugerem que há recorrentes “chuvas de cometas” no Sistema Solar, em ciclos de 26 a 30 Ma — quando o Sol e os planetas passam pelo tumultuado plano médio da Via Láctea (isto é, o plano em que se encontra o disco da nossa galáxia). A hipótese deles é que, nesses eventos, objetos astronômicos têm maior chance de colidir com a Terra, criando condições inóspitas para a vida, tais como as que extinguiram os dinossauros há cerca de 65 Ma.

Sendo assim, se esses ciclos orbitais e de extinções em massa realmente existirem, e tiverem mesmo uma ligação, levaria ainda uns 20 Ma até a próxima catástrofe, na opinião dos pesquisadores nova-iorquinos. Portanto, nós também não precisaríamos temer que o céu nos caia sobre a cabeça.

Por outro lado, impactos de asteroides não são as únicas causas possíveis de extinções em massa. Atualmente, a ação do ser humano sobre o meio ambiente já está desencadeando um evento de morte massiva das espécies. O destino de milhões de espécies estará sentenciado, caso não cuidemos das populações criticamente ameaçadas e diminuamos imediatamente o desmatamento nas próximas duas décadas. Sem dúvida, hoje os antigos celtas teriam sérios motivos para se alarmar…

Referências