Conferir acessibilidade ao planetário do Museu Ciência e Vida para ampliar o acesso ao espaço e contribuir para o acesso à cultura científica da população fluminense, especialmente as pessoas surdas. Esse é o principal objetivo do projeto contemplado no Edital Nossos Museus RJ, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Superintendência de Museus. O evento de diplomação aconteceu nesta segunda-feira (05), na Biblioteca Parque Estadual, e foi uma oportunidade para celebrar esse importante resultado para o setor museológico fluminense, fortalecendo as redes de memória, cultura e patrimônio em nosso estado.

“A grande verdade é que essa certificação é uma grande desculpa para nos encontrarmos, celebrarmos e para permitirmos que todos se deem essa oportunidade de encontrar seus colegas que, muitas vezes, são de outras regiões e territórios e trabalham com diferentes temáticas para compartilharmos experiências realmente significativas”, disse disse Danielle Barros, secretária de Cultura.

Ela ainda destacou que, além dos recursos federais que chegam no Fundo de Cultura, o governo estadual injeta recursos diretos do tesouro estadual para complementar e fortalecer os recursos da Lei Aldir Blanc. “É crucial destacar o compromisso do Governo do Estado do Rio de Janeiro, através da legislatura e do governador Cláudio Castro, pois isso nos possibilita realizar editais diversos: literatura, multilinguagens, cinema, memória, patrimônio e museus. Essa diversidade é importante porque, como presidente do Fórum de Secretários e Dirigentes de Cultura de todo o Brasil, lideramos a luta para que os estados destinem recursos próprios além dos federais. Afirmo com segurança: o Estado do Rio de Janeiro tem esse compromisso, que nos permite avançar cada vez mais”.

No total foram 62 projetos contemplados em um investimento de R$ 6 milhões no setor e o Museu Ciência e Vida, administrado pela Fundação Cecierj, vinculada da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, foi um dos dois espaços escolhidos na tipologia ciência e tecnologia. O trabalho do MCV será realizado junto com a Conecta Acessibilidade, empresa produtora especializada em acessibilidade audiovisual e em projetos relacionados à inclusão de pessoas com deficiência.

A proposta do Museu Ciência e Vida e do Conecta Acessibilidade se enquadrou na linha de modernização de museus, especificamente no que se refere à adaptação de espaços para acessibilidade, priorizando as adaptações voltadas para as pessoas com mobilidade reduzida e pessoas com deficiência. O objetivo é ampliar o acesso ao Museu Ciência e Vida para as pessoas com deficiência, especialmente a auditiva, com ênfase nas sessões do planetário, com o desenvolvimento de vídeos com a Libras como a primeira língua.

“Implementar este projeto é poder realizar um sonho desejado há muito tempo: o de acessibilizar o conteúdo do museu, especialmente o do planetário, de forma permanente. Por diversos fatores, até agora, só conseguimos tornar algumas atividades acessíveis a pessoas com deficiência visual e auditiva. E, quando estas ações terminam, acabamos não atendendo o público adequadamente em todos os espaços. Mas agora, vamos trabalhar na sinalização e descrição dos espaços e, principalmente, tornar as sessões de planetário acessíveis ao público surdo. É uma oportunidade incrível de estar mais perto de construir um museu para todos”, destacou Carolina de Assis, astrônoma do Museu Ciência e Vida.

A sala do planetário comporta 65 pessoas e o teto tem formato de semi esfera e nele é projetado o conteúdo a ser abordado, como a Via Láctea, o sistema solar e as constelações de acordo com o zodíaco, as interpretações gregas, indígenas. Os vídeos produzidos no âmbito do projeto serão apresentados por um educador surdo e serão divididos por temáticas e vão trazer a aprendizagem sobre os aspectos planetários e serão baseados na sessão existente para pessoas ouvintes. Além da sessão acessível, o projeto prevê a gravação de sinais em Libras do sistema planetário e produzir audiodescrição detalhada da infraestrutura do espaço e as atividades oferecidas, para público cego.

“Vamos fazer um projeto muito inovador: levar uma sessão do planetário para um público diverso, que precisa receber esse conhecimento, que é o público surdo. Trazer a oportunidade, o acesso dessas pessoas a uma sessão do planetário, com um planetário tão incrível, bonito e organizado, na Baixada Fluminense. Então a gente sabe que no entorno do museu tem escolas com estudantes surdos e eu acho que se abre um leque. Acho que vai ser muito importante para o museu, marcando o território da diversidade, da acessibilidade e de você democratizar o acesso com tanto conhecimento que tem dentro do museu para esse público”, comentou Joana Peregrino, diretora executiva da Conecta Acessibilidade.