Esta terça amanheceu mais especial para três cientistas que dedicaram boa parte das suas vidas e carreira olhando para o céu: o canadense James Peeble e os suíços Michel Mayor e Didier Queloz foram contemplados com o Prêmio Nobel de Física.

Sendo o mais importante prêmio para pesquisas, descobertas ou contribuições nas áreas de Literatura, Fisiologia ou Medicina, Química, Física ou Ativismo para a Paz, o Prêmio Nobel é dado por um conjunto de instituições suecas e norueguesas e apenas são reconhecidos trabalhos (e cientistas, é claro) de extrema relevância para as suas áreas.

As pesquisas dos vencedores deste ano na Física foram voltadas para as áreas de Cosmologia e Exoplanetas. A Cosmologia, área de atuação de Peebles, é uma área da Astronomia que se dedica a pesquisar a estrutura do Universo, sua origem e evolução, procurando responder perguntas como se ele está crescendo, se expandindo, se desacelerando ou inerte;  o que o compõe; ou como ele surgiu e se terá um fim.

A premiação de Peebles foi dada em função da sua pesquisa sobre a interpretação da composição de como o Universo era próximo à sua criação (400 mil anos depois do evento de criação do Universo, que na Astronomia nós chamamos de Big Bang) através do estudo da radiação que permaneceu viajando pelo Universo desde esse período. Ou seja, como um investigador, ele conseguiu identificar no céu a radiação deste período que chegou até nós e desenvolveu ferramentas teóricas e matemáticas suficientes para tirar dela a informação de como o Universo era há milhões de anos atrás! Parece mágica… mas é ciência!

Foi através da pesquisa de Peebles que nós descobrimos que boa parte do que forma o Universo ainda é totalmente desconhecida para nós. Tudo o que a gente consegue vê, tudo o que a gente consegue medir por interação de uma coisa com a outra, a chamada matéria bariônica, forma apenas 5% do Universo. O resto é formado de matéria e energia escura. O próprio nome já dá uma dica: a gente não sabe exatamente o que são. Elas são medidas de forma indireta: a matéria escura, pela interação gravitacional entre corpos; e a energia escura, pela sua emissão magnética.

Já a premiação de Mayor e Queloz foi em função da incrível descoberta do primeiro planeta fora do Sistema Solar que gira ao redor de uma estrela parecida com o Sol, a 51 Pegasi, em 1995. O nome deste planeta é Dimidium, mas ele é mais comumente conhecido como 51 Pegasi B. Ele fica na região da constelação ocidental de Pégasus e é um gigante gasoso, parecido com o nosso Júpiter.

Além de imenso prestígio e do reconhecimento absoluto do seu trabalho, os vencedores de cada categoria ganham uma boa quantia em dinheiro. Peebles, Mayor e Queloz vão dividir um montante de nada mais nada menos que 9 milhões de coroas suecas, ou cerca de R$ 3,72 milhões de reais! Metade desta quantia ficará para o cientista canadense, atualmente professor emérito da Universidade de Princeton, e a outra metade será dividia entre os dois suíços, ambos professores da Universidade de Geneva (sendo Mayor também professor emérito).

Uma premiação bem merecida para esses três grandes nomes da Astronomia que contribuíram tanto para mudar completamente a forma como enxergamos o Universo.

 

Carolina Assis , astrônoma do Museu Ciência e Vida.