O documento base da criação do Consórcio Cederj foi assinado no dia 26 de janeiro de 2000, mas a oferta de cursos de graduação a distância começou no ano seguinte, com Licenciatura em Matemática ministrado pela UFF, com 160 alunos distribuídos em quatro polos. Um desses alunos é Dayselane Pimenta Lopes Rezende, que foi aprovada no primeiro vestibular para estudar no polo de Itaperuna.

Professora no município de Varre-Sai, localizado na região Noroeste Fluminense, Dayselane ingressou no Cederj aos 24 anos. Ela conta que optou por tentar o consórcio, justamente porque era a única iniciativa que, na época, oferecia metodologia semipresencial.

“Eu já era casada, tinha dois filhos, trabalhando e morando na zona rural, o que dificultava o deslocamento para uma faculdade presencial. Teria que andar uns 60 km para poder ter acesso à faculdade”, lembra Dayselane, que está com 43 anos. “O que me fez acreditar no projeto foi envolvimento das universidades públicas. Além do mais, era gratuito, né? Eu não tinha que pagar. Os cursos que eram oferecidos nas cidades vizinhas eram pagos, e eu não tinha condições. Então, o que mais me trouxe interesse no projeto foi oferecer curso a distância, gratuito e a possibilidade de eu ficar mais próxima dos meus filhos”. 

Apesar de ser estudiosa, a professora diz que sentiu dificuldade para se adaptar com uma metodologia que, até então, ela não tinha entrado em contato. Dayselane contou que a parte técnica do ensino a distância, toda aplicada por meio da internet, para ela no início foi um complicador.

“Só tinha um celular na roça, não tinha computador e o acesso à tecnologia era bem limitado. Eu tive muita dificuldade para me adaptar com o material, mas fui melhorando com o tempo. O Cederj nos ajudou muito na graduação. Os mediadores vinham do Rio(município) e faziam uma semana de estudo conosco. Eu também usava muito a tutoria a distância pelo celular. Os mediadores a distância auxiliavam muito, até nos ligavam quando mais precisávamos. O Cederj sempre criou meios de nos ajudar a superar as dificuldades”, explica Dayselane, que já foi mediadora do Consórcio Cederj no mesmo polo onde estudou.

Depois de formada, ela não parou de estudar: concluiu o mestrado em  Educação Matemática na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com especialização em Gestão de Educação a Distância. Atualmente, Dayselane está cursando doutorado de Educação também pela UFJF. Apesar de já ter se formado há muitos anos, a professora afirmou adotar até hoje os ensinamentos que aprendeu com o Cederj:

“É até engraçado falar, porque foram experiências que passaram até para os meus filhos: autonomia e disciplina de estudos. Eu aprendi a estudar sozinha, a ler mais e fazer mais tarefas. Meus filhos cresceram estudando ao meu lado e aprenderam muita coisa. O ensino foi passando para minha vida pessoal, minha família e as portas profissionais foram abertas”. 

Depoimento 20 anos:

 O que eu gostaria de destacar sobre os 20 anos do Cederj é o fato de o projeto ter sido levado ao interior do estado. Isso é, sem dúvidas, a oportunidade para quem está na cidade pequena, e que até então não tinha condições de cursar uma universidade pública, e hoje já pode frequentar. Uma solução para quem não podia ir aos grandes centros para estudar. O Cederj é um projeto de sucesso, sem ele, eu não teria conseguido cursar minha graduação. O Cederj é uma oportunidade de cursar uma universidade pública e obter o mesmo diploma de quem faz aula presencial.  Fico feliz por isso, uma vitória. Aconselho a todos a fazerem o Cederj, porque vai ter acesso ao ensino de qualidade gratuito.