A primeira colocada no mestrado em “Educação, escola e seus sujeitos sociais” é uma ex-aluna do Cederj. Kezia Graziela de Queiroz vai estudar na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no programa Educação, Cultura e Comunicação da Faculdade de Educação na Baixada Fluminense (Uerj-Febf). Foi também pela UERJ que Kezia cursou a licenciatura em Pedagogia no Polo de Belford Roxo, onde se formou em 2021. Continuar na vida acadêmica foi natural, já que ela concluiu o curso com cinco artigos publicados, dois em periódicos, sendo um deles na revista “Conjecturas” (Qualis A) e três capítulos de livros, além de participações em congressos internacionais e nacionais.

“Sou a primeira pessoa na minha família a publicar artigos em revistas de pesquisa e ciência e a entrar em um mestrado. A graduação pelo Cederj associado ao trabalho pioneiro que a professora Ediclea Mascarenhas desenvolve no Núcleo de Pesquisa e Estudos em Educação Especial e Inclusiva (NEEI) abrem portas para os alunos do curso a distância vivenciarem a fase inicial da pesquisa e da produção científica. Foi essa experiência que viabilizou uma transformação e crescimento em minha vida e, sem nenhuma dúvida, foi um divisor de águas na minha vida e em minhas perspectivas futuras”, disse Kezia.

Quando Kezia decidiu que ia fazer um curso superior, a sua filha tinha pouco mais de 1 ano. Ela se viu então diante de um grande desafio: os estudos deveriam ser por meio do ensino semipresencial. “No início, procurei por algumas faculdades privadas, até que vi uma informação sobre um vestibular de universidades públicas a distância no Facebook. Entrei no site da Fundação Cecierj, realizei a inscrição e fiz a prova, ainda um pouco insegura, porque já havia terminado o ensino médio há bastante tempo. Fiquei surpresa e muito feliz quando saiu o resultado da aprovação, pois havia acabado de passar para uma universidade pública”.   

No primeiro período do curso, Kezia descobriu que a filha possuía uma condição genética rara, identificada como uma dupla translocação distinta nos cromossomos em uma porcentagem de 1 para cada 1 milhão de pessoas. “Numa madrugada, ao estudar para a primeira prova, comecei a identificar alguns sinais diferentes em minha filha, nesse período ela tinha apenas 1 ano e 9 meses. Na mesma hora realizei buscas complementares na internet e vi que a Luísa poderia ser uma criança com transtorno do espectro autista”, contou.

Kezia disse que trilhou um caminho árduo em busca do diagnóstico da filha, do direito de ela ter sua identidade e existir no mundo exatamente como ela é. “O Cederj não apenas me oportunizou estudar em uma universidade pública e ter uma profissão, mas, também, e principalmente, me deu a oportunidade de lutar pelo diagnóstico precoce em minha filha. Aqui, a gente percebe a dimensão da importância que a Fundação Cecierj e o Cederj têm na vida de centenas de alunos em todo o estado do Rio de Janeiro, que muitos campus, nos grandes centros urbanos, não são capazes de alcançar”, comenta.

Recompensa pela dedicação

Criada pelos avós em Campestre, no interior de Fortaleza, Kezia se mudou para o Rio de Janeiro quando completou 7 anos. “Uma vida simples e economicamente difícil e, desde que meus pais voltaram para o Ceará, em 2018, acabei ficando mais sozinha aqui”, disse ela, que mora há mais de 10 anos em Xerém, na Baixada Fluminense.

Kezia ressalta que, para uma aluna com a sua condição socioeconômica, passar em um programa de mestrado de uma universidade pública é bastante representativo para o estudante que escolhe a pesquisa e a ciência como objetivo profissional. “Ser a primeira colocada na linha de pesquisa que me inscrevi foi uma grata surpresa e recompensa pelos meus estudos e dedicação. Jamais teria conseguido se não fosse a graduação na Uerj pelo Cederj, que me possibilitou ingressar no NEEI. Junto à minha orientadora, construí o projeto e submeti à Uerj, conquistando a tão sonhada bolsa CNPq”, explica Kezia, que atuou como bolsista de Extensão, de Iniciação a Docência e de Iniciação Cientifica pelo CNPq.