Evento híbrido reuniu comunidade acadêmica para debater avanços e desafios da educação inclusiva
Promover um amplo debate sobre educação inclusiva. Esse foi o objetivo do I Seminário do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão da Fundação Cecierj, que reuniu servidores que atuam no NAI, professores, pedagogos e estudantes. Organizado pela vinculada da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, o evento marcou os cinco anos de atuação do setor e aconteceu, nos dias 10 e 11 de outubro, em Duque de Caxias. A iniciativa contou com apoio da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj)
Luciana Perdigão, coordenadora do NAI, refletiu sobre a trajetória do núcleo, que foi criado com o objetivo de promover políticas e ações que efetivem e garantam o acesso, a permanência e a conclusão dos estudantes com necessidades educacionais especiais. “Estes cinco anos nos ensinaram que inclusão vai muito além de adaptações físicas. É sobre construir uma nova mentalidade, onde cada pessoa se sinta pertencente e valorizada. O seminário foi um espelho desse aprendizado, mostrou como estamos avançando, mas também nos lembrou dos muitos desafios que ainda precisamos vencer juntos”, disse Luciana.
Um dos momentos mais marcantes do evento foi o lançamento do livro “Visionários”, que reúne experiências de alunos com deficiência visual. A obra já está disponível gratuitamente em https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/1131641/4/VISIONARIOS.pdf. Henrique Elias de Nascimento, aluno de pedagogia do Polo Rocinha, é um dos autores e emocionou o público, que acompanhava presencialmente ou pela transmissão no YouTube pelo canal Eureka (https://www.youtube.com/@EurekaCecierj).
“Quando entrei na Fundação Cecierj, não imaginava que teria a oportunidade de ter minhas provas em Braile. O NAI não apenas tornou isso possível, mas me fez enxergar que minha deficiência visual não é um limite para meus sonhos. Hoje, no quinto período de pedagogia, vejo como cada recurso de acessibilidade é uma ponte que me leva mais longe na minha formação.”
Gabriel Seraphim Costa, vice-presidente Científico da Fundação Cecierj, esteve presente na mesa de abertura, que aconteceu no Museu Ciência e Vida, e disse que o NAI representa o compromisso da Fundação Cecierj com a educação inclusiva. “Ao longo desses cinco anos, testemunhamos como este projeto tem transformado não apenas a vida dos estudantes, mas toda a cultura institucional do órgão. Esta celebração, mais que olhar para trás, é projetar o futuro que queremos construir juntos”, afirmou
Transformação na prática
O local escolhido para sediar o segundo dia do evento foi o polo Cederj Duque de Caxias e contou com a participação do diretor Marcus Vinícius Bezerra Carvalho, que compartilhou a experiência de dez anos à frente da unidade e a “revolução que o NAI provocou”. “Antes, enfrentávamos desafios complexos de acessibilidade sem o suporte técnico especializado. Hoje, temos uma parceria que nos permite oferecer um atendimento qualificado e humanizado. Cada adaptação física em nosso polo, das rampas aos banheiros acessíveis, carrega a expertise e a sensibilidade do NAI”, destacou o diretor.
Clícia Rodrigues, estudante do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, compartilhou sua experiência com o NAI: “Conheci o núcleo em uma palestra no Cefet Maracanã e fiquei impressionada com o mundo de possibilidades que oferece. Sou PCD, tenho visão monocular, e acho que todo evento, não só na área acadêmica, deveria dedicar alguns minutos para falar sobre acessibilidade. Muitas vezes, as pessoas com deficiência são tratadas como ‘coitadinhas’ e não é assim. Não precisamos de piedade, mas de atenção e soluções práticas”.