“Durante meus estudos para compreender melhor como ajudar um determinado aluno a aprender, me deparei com a descoberta de me ver nas características apontadas por um determinado transtorno: TDA, o que me motivou a buscar nos teóricos mais informações a respeito. Com estas informações percebi que há nas salas de aulas crianças quase invisíveis, caladas, com aprendizado as vezes mediano, cujo comportamento não difere da maioria, exceto por alguns detalhes como distração, esquecimento e desorganização, detalhes que podem vir a prejudica-las se essas crianças não forem devidamente esclarecidas, orientadas e acompanhadas”.

Esse é um trecho do trabalho ‘TDAH sem H: alunos invisíveis e adultos desajeitados’, que Wivian Nunes Gonçalves de Oliveira, de 34 anos, apresentou como conclusão do curso de Pedagogia. A graduação é ofertada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) no âmbito do Consórcio Cederj, que é gerido pela Fundação Cecierj, vinculada da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Wivian formou-se no Ensino Médio no Curso Normal, e, desde então, acumula experiências como professora na educação infantil e vivenciou situações de alunos com dificuldade de aprendizagem ou outras necessidades educacionais especiais. Por causa dessa vivência, ela escolheu pesquisar mais sobre o TDAH – Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade para o seu trabalho de conclusão do curso, apresentado em dezembro de 2021.

“Muitas vezes, as dificuldades desses alunos se tornam invisíveis ou nos tornam invisíveis, pois eu também o fora: invisível por ser dispersa, distraída, mas sem problemas disciplinares. Com esses novos aprendizados, eu busco olhar todos os alunos com a diversidade e a atenção que são necessárias e, em especial, aqueles que normalmente passam despercebidos”, explicou Wivian, que estudou no Polo Cecierj/Cederj de Volta Redonda.

A partir dessa observação, Wivian indicou algumas crianças aos orientadores e pediu que entrassem em contato com a família. Outras só receberam algum tipo de laudo médico anos depois, o que acabou refletindo em alguma dificuldade de aprendizagem. O curso vai, segundo  Wivian, trazer um impacto no seu desenvolvimento profissional, especialmente para atuar como educadora de alunos com necessidades educacionais especiais. 

“O curso possibilitou que eu ampliasse e diversificasse meus olhares, estratégias, abordagens, metodologias de trabalho, incluindo um maior número de alunos nas atividades, ao buscar conhecer o potencial de cada um, potencial que muitas vezes passa despercebido frente aos problemas do cotidiano escolar”, afirmou.

Apoio do NAI

Durante o desenvolvimento do seu trabalho de pesquisa, Wivian recorreu ao Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI), criado em fevereiro de 2020 pela Fundação Cecierj para promover e viabilizar soluções de acessibilidade e inclusão para o público interno e externo do órgão.

“Uma tutora, que me incentivou ao longo dos semestres, falou sobre o NAI. Sinto que essa equipe me enxergou. Sempre fui uma aluna que passava praticamente despercebida, perdia prazos e era reprovada sucessivas vezes por desatenção. O NAI me auxiliou a montar planos e a organizar os estudos, de forma mais prática, não perdendo o foco ao esmiuçar o TCC e desenvolver minha escrita acadêmica”, declarou Wivian.