Com um trabalho sobre a matemática, que ainda é vista como uma das maiores dificuldades dos estudantes, as alunas do Instituto de Educação Carmela Dutra venceram a maratona Hackathon Meninas Normalistas, realizada pelo Museu Ciência e Vida, da Fundação Cecierj. Elas apresentaram o Bimô, o robô da adição, que trabalha a soma a partir da junção de elementos presentes em um recurso criativo e lúdico. Depois de dois dias de trabalho, com oficinas, palestras e a parte prática, as ganhadoras foram conhecidas nesta sexta-feira (18/11). A avaliação consistiu no plano de aula elaborado, no pitch, na apresentação e também no vídeo que as alunas produziram. O evento foi voltado para as alunas do ensino médio, das escolas públicas e privadas de formação de professores, localizadas na capital e na região metropolitana do estado do Rio de Janeiro.

“A nossa expectativa era uma das melhores e confesso que não esperávamos ganhar. A  nossa professora nos incentivou muito a dar o nosso melhor e também se divertir. Quando o resultado saiu, algumas choraram e outras ficaram sem reação. A verdade é que a ficha ainda não caiu. E todas as atividades realizadas nesses dois dias, com as palestras, a roda de conversa e as oficinas, nos motivaram mais ainda durante todo o processo. Achei muito importante a realização da maratona, que trouxe o universo da tecnologia para as escolas normalistas”, disse Thuany Soares, ao lado das colegas Rachel Souza, Djiane Carvalho, Menara Gênesio e Giulia Olívio e da professora Fabiana Rodrigues.

O segundo lugar também ficou com o Instituto de Educação Carmela Dutra que apresentou um projeto de sustentabilidade com uma horta inteligente que funciona com microbit verificando umidade temperatura e luminosidade. Já o terceiro foi para o CIEP 341 – Sebastião Pereira Portes, de Queimados. “Foi uma emoção e estamos felizes com o segundo lugar. Aprendemos muito e temos certeza que será importante para a nossa carreira também. Fez a gente pensar, como mulheres e como mulheres na área da educação, como vamos tratar essas questões, a área da ciência ainda tem muito preconceito e é algo que temos que trabalhar para cada vez mais diminuir”, comentou Victoria Adan, ao lado das amigas Karen Albiona, Andressa da Silva, Letícia dos Santos e Camilly Ferreira.

A maratona, que contou ainda com a participação de outro grupo do CIEP 341 e do CIEP 179 – Professor Claudio Gama e do Colégio Estadual Dr. Alfredo Backer, foi uma realização no âmbito do projeto “Meninas nas Exatas da Baixada Fluminense”, uma parceria do Museu Ciência e Vida, da Fundação Cecierj, órgão da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), campus Duque de Caxias. A iniciativa faz parte de um projeto que o Museu já vem desenvolvendo para incentivar as meninas a se interessarem pelas carreiras de ciências exatas. “Nesse sentido, o Museu Ciência e Vida participou do edital Chamada Garotas STEM, inserido no programa Mulheres na Ciência do British Council em parceria com a Fundação Carlos Chagas. Sabemos que os ambientes mais diversos são ricos e toda sociedade acaba ganhando com isso. Queremos com eventos como a maratona,  que ocorre em um museu de ciências, despertar o interesse das futuras professoras por ciência. Nosso intuito é estimulá-las a frequentar esses espaços e incluí-los em sua prática profissional. Os alunos serão expostos a ambientes não formais de educação desde os primeiros anos da escolaridade,  contribuindo para a construção de seu capital cultural e científico”, destacou   Monica Dahmouche.Para o presidente da Fundação Cecierj, Rogerio Pires, o hackaton é uma ferramenta muito importante, que traz desafios, inovação e conhecimento. “Hoje essas meninas são alunas e, amanhã, professoras. Eu, como docente, sei como é gratificante estar em sala de aula passando conhecimento e essa maratona foi uma oportunidade de aprender e, no futuro, colocar em prática. Com a realização desse evento, o Museu Ciência e Vida se coloca em um espaço cada vez mais importante de discussão da ciência, tecnologia e inovação, o que só comprova essa vocação que vem sendo construída ao longo desses anos.”, destacou o presidente da Fundação Cecierj, Rogerio Pires, que participou da abertura ao lado das vice-presidentes, Regia Almeida e Caroline Alves.

A programação

Divididas em seis equipes, as meninas participaram de oficinas de conceitos de ciência aplicáveis à educação infantil, além de palestras e roda de conversa com as cientistas Simone Pinto e Aline Martins, que atuam no Museu Ciência e Vida, e uma visita à exposição ‘Do cretáceo à robótica’. Durante a maratona, as alunas tiveram que pensar, discutir e propor soluções tecnológicas para o ensino de ciências na educação infantil e no ensino fundamental I. A equipe da Divulgação Científica da Fundação Cecierj colaborou no apoio técnico, orientando e auxiliando na confecção das apresentações, no uso de ferramentas de design e na elaboração de projetos.

Ana Clara Lobato, de 17 anos, conheceu o Museu Ciência e Vida quando tinha 12 anos e não escondia a alegria de estar de volta depois de alguns anos: “Participei de uma Olimpíada de Astronomia e a professora nos trouxe aqui para entendermos melhor o conceito dos planetas, das estrelas. Foi muito divertido e, naquele momento, percebi que nasci para estudar os astros. E, quando vi a publicação do Hackathon no Instagram, chamei minhas amigas e elas se interessaram demais. Fomos até a direção da escola, que nos deu total apoio, assim como nossas famílias. Jamais imaginei que estaria aqui novamente, ainda mais aprendendo tantas coisas e experiências. O evento foi muito legal”, comentou Ana, que sonha em fazer astrofísica.