“Levei minha história para a redação. Escrevi sobre quem sou e tudo o que vivi até chegar aqui”. Foi assim que Sirlene Alves dos Santos conquistou um dos prêmios do concurso de Redação “Eletricidade Cultural” da Light, em comemoração pelos 120 anos da distribuidora de energia elétrica. A conquista foi ainda mais especial para a Rede Ceja – Centro de Educação de Jovens e Adultos, porque Sara Silva, outra aluna do Ceja Casa do Marinheiro, na Penha, ficou nos primeiros lugares da cidade do Rio. A alegria se estendeu para o Ceja Barra Mansa com a vitória dos estudantes João de Santana Oliveira e Pedro Lima Moreira.
Para comemorar esse momento tão especial, as escolas organizaram eventos para a entrega dos prêmios, cada aluno ganhou um kindle e um vale presente de R$50. O concurso de redação, promovido pela Light, distribuidora de energia elétrica para 31 municípios do estado do Rio de Janeiro, foi voltado para estudantes do ensino médio da rede pública estadual.
“Passei a acreditar que sou capaz. Quero ser combustível e espelho para os meus filhos”, disse Sirlene, de 37 anos, ao lado do marido, das filhas e dos sogros, que fizeram questão de participar desse momento. “Retomei os estudos por causa deles e do acolhimento do CEJA”, conta a cabelereira, que não tinha concluído o 7º ano do ensino fundamental.
Quem também se emocionou foi Sara Silva, de 31 anos, que parou de estudar no 1º ano do ensino médio: “Diferente da Sirlene, que parou de estudar, porque foi encarar o mundo, se viu tendo que fazer uma escolha, eu fui me escondendo do mundo. Estava tendo dificuldade com a escola, de acompanhar as matérias e desenvolvendo um sério de depressão”.
Resgate da autoestima e novos horizontes
A participação no concurso contou com o incentivo e orientação dos docentes e direção das escolas. Para Simone Luz, professora de Redação do CEJA Casa do Marinheiro, o trabalho com produção textual surgiu da necessidade de trabalhar a comunicação escrita com alunos que, muitas vezes, carregam lacunas da educação básica. “Eles travam. Nosso objetivo era ajudá-los a perder esse medo, não só para as provas, mas para a vida”, explica a professora, que continua:
“O CEJA tem ampliado o leque de atividades pedagógicas com visitas a museus, sessões de cinema e olimpíadas de conhecimento. Essas experiências ajudam os estudantes a ampliarem a visão de mundo e a sonharem com objetivos que antes pareciam distantes. Eles começaram a comparar a nota da redação com a do Enem e se viram capazes. Uma aluna me disse: ‘professora, agora quero fazer o Enem’. Além do reconhecimento público, os alunos resgataram a confiança em seu potencial,” comemora.
Na escola de Barra Mansa, Professor Dary Ferreira Pinto de Oliveira, os alunos participam de uma Oficina de Redação, que acontece toda terça-feira. O objetivo é promover o desenvolvimento das competências e habilidades de leitura e escrita, por meio de atividades práticas e interativas, como leitura e interpretação de diversos gêneros textuais, produção textual e revisão dos textos produzidos.
Pedro Lucas Lima Moreira, aluno do CEJA de Barra Mansa foi um dos premiados e contou que decidiu participar para testar suas capacidades. “Nunca tinha feito uma redação completa nem participado de um concurso. Fui motivado pelo apoio dos professores e pela vontade de experimentar”, disse o estudante, que agora sonha com um concurso público na área militar.





