Você já esticou seus telômeros hoje? Não?! Pois se quiser se tornar uma pessoa longeva, trate de alongá-los diariamente. Mas o que são telômeros, afinal?

Termo de origem grega, telômero significa parte (mero) final (telo). Telômeros sãoestruturas constituídas por fileiras de proteínas de DNA não codificante, que formam uma capinha protetora nas extremidades dos cromossomos, como aquela parte final de plástico dos cadarços de tênis e sapatos. Lembrando que a estrutura do DNA foi elucidada na década de 1950, esclarecendo que os genes são arranjos moleculares. As informações estão codificadas pela sequência organizada em apenas quatro bases: adenina, timina, citosina e guanina. Em cada uma de nossas células, o DNA está arquivado em dois cromossomos: um recebido da mãe, outro do pai.No DNA estão todas as informações que carregamos de nossos antepassados, as propensões a doenças, a cor dos olhos, cabelos, pele e muito mais.

Australiana, nascida na ilha da Tasmânia, filha de médicos, Elizabeth sempre foi muito interessada em animais e na natureza. Esse interesse logo se transformou em paixão pela biologia. Dedicou-se ao estudo do DNA durante sua pós-graduação – era um tema efervescente à época! Sempre que uma célula precisa se dividir, os cromossomos necessitam ser duplicados, para que cada célula-filha carregue um par idêntico de cromossomos da célula-mãe.Nesse processo de infinitas divisões e multiplicações diárias das células para regenerar nossos tecidos e órgãos, os telômeros acabam se encurtando, ou seja, parte da extremidade do DNA é perdida. É como se as pontas dos cadarços dos tênis e sapatos fossem ficando cada vez mais curtas à medida que são usados.

A pesquisa desenvolvida por Elizabeth Blackburn, sua aluna Carol Greider e Jack Szostak, seu colaborador,mostrou que existe uma enzima, chamada telomerase, capaz de repor as unidades de DNA perdidas durante a divisão celular, impedindo o encurtamento dos telômeros.O comprimento dos telômeros passou a ser considerado como mais um biomarcador de envelhecimento chave no nível molecular.  Embora a telomerase tenha sido apelidada de “enzima da imortalidade”,ela também está presente nas células cancerígenas, que têm grande capacidade de se multiplicar, o que significa que a enzima da imortalidade também tem o seu reverso. Assim, compreender seu funcionamento ajuda a entender o processo de envelhecimento e a combater o câncer.

As pesquisas nesse campo, que levaram ao entendimento desse processo bem como a descoberta da telomerase, renderam o prêmio Nobel de Medicina de 2009 à cientista Elizabeth Blackburn, que atua na Universidade da Califórnia, em São Francisco, e seus colaboradores.

Mas, afinal, como esticar os telômeros?  Alimentação saudável, boas noites de sono, exercícios físicos, e baixos níveis de estresse combinados levam à produção da telomerase e, por consequência,àpreservação dos telômeros.  Mas atenção, pois você já sabe que telomerase em excesso não é bom, pode causar alguns tipos de câncer, enquanto sua carência causa os efeitos da velhice.  Então, continua valendo aquela máxima de que o melhor é o caminho do meio, ou segundo a própria Elizabeth Blackburn, “viver no fio de uma faca”…

A ciência por trás da longevidade continua sendo a motivação para os estudos de Elizabeth Blackburn, que busca melhor entender os telômeros e a telomerase e a potencial cura de doenças.Então, quando calçar seus tênis e amarrar os cadarços, lembre-se que exercício físico ajuda a alongar os telômeros, preservar a saúde e a vida.