Fã de literatura nacional e estrangeira, Amanda Rodrigues Machado Azevedo concluiu, no segundo semestre de 2021, a licenciatura em Letras pelo Cederj, no polo de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense. A trajetória de Amanda poderia ser fonte de inspiração para uma história de sucesso e superação de desafios. Em dezembro de 2000, às vésperas de completar 19 anos, perdeu a audição de ambos os ouvidos, em consequência de uma meningite bacteriana. Quando isso ocorreu, ela acabara de concluir o ensino médio e achava que continuar os estudos era impossível, já que se encontrava numa situação de total readaptação.

“Em 2015, a minha irmã sugeriu que eu voltasse a estudar, porque ocupar a mente ia me fazer bem. Então pensei: por que não, Amanda? Conversei com meu esposo e meus pais, que sempre destacaram o valor dos estudos, e o apoio foi total. Juntei o fato de morar pertinho do Polo Cederj São Francisco e ser uma graduação semipresencial, o que tornou ser viável ingressar e concluir a graduação”, relembra Amanda, que complementa:

“Infelizmente, a minha mãe não está mais aqui para comemorar comigo. Ela estaria muito feliz e orgulhosa. Agradeço o apoio da minha família, pois essa conquista também é deles, que sempre acreditaram em mim e no meu potencial. Penso agora em fazer uma pós-graduação e realizar concursos públicos. No momento, estou me dedicando a outra paixão: a confecção de cadernos personalizados”, conta.

O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Dr. Serginho, ao saber de mais uma história de sucesso de ex-alunos do Cederj, disse que o exemplo da Amanda deve ser seguido por todas as pessoas: “Ela é prova de que não existe barreira para quem tem sonhos e muita força de vontade! Que história de superação, fico muito feliz pela Amanda. O apoio dos coordenadores do Cederj foi fundamental e tamanho esforço da aluna em superar esse desafio é motivador”, afirma.

Desafios e evolução

Amanda disse que o deficiente auditivo enfrenta dificuldades na comunicação, porque muitas pessoas não sabem a importância da leitura labial para os surdos. No início do curso, ela contou com a ajuda de parentes e, depois, os coordenadores começaram a passar textos como alternativa para as tarefas, adaptando o aprendizado às dificuldades que ela indicava. A partir daí, tudo ficou mais tranquilo.

“Comecei a participar das tutorias presenciais, que são de extrema importância para quem ingressa no Cederj, porque é o momento de fazer amizades, criar vínculos e conhecer melhor seu polo. Agradeço muito pela oportunidade de só ter encontrado pessoas maravilhosas nessa jornada, com zero preconceito e muito boa vontade em ajudar. Desde os colegas de turma, os tutores e toda a equipe do polo”, afirmou.

No curso oferecido pela Universidade Federal Fluminense (UFF), ela teve a oportunidade de ingressar no universo literário de escritores que ela ainda não tinha tido contato. “Sou fã de Machado de Assis, José de Alencar e da Jane Austen, e o curso me proporcionou conhecer outros. Na verdade, a graduação nos aprofunda mais sobre os autores e suas obras. Então, é uma riqueza, porque fazemos análise dos livros e há sugestão de leituras complementares para aprofundarmos nossos conhecimentos”, disse Amanda, que é casada e tem dois filhos.

Quebra de paradigmas

Amanda sente-se gratificada pela oportunidade de contar a sua história. “Precisamos quebrar esse paradigma que deficiente não é capaz de seguir uma carreira acadêmica, somos muito capazes. Se você quer, você é capaz! Então vai em frente e não desista! Hoje, o Cederj conta com um leque de acessibilidade e fico feliz por ter lutado por isso, para que novos ingressantes possam contar com aulas legendadas e sentirem-se inclusos”, afirmou”.

“Esses relatos de nossos ex-alunos nos deixam muito orgulhosos do trabalho que desenvolvemos na Fundação Cecierj, especialmente por levar o ensino superior e gratuito, no âmbito do Consórcio Cederj, a toda população do Estado do Rio de Janeiro. São histórias de superação, de desafios enfrentados e também de muito sucesso, com a conquista do diploma. A trajetória da Amanda só nos motiva ainda mais a continuar e expandir a oferta de cursos e tornar o aprendizado ainda mais inclusivo e acessível”, destaca o presidente da Fundação Cecierj, Rogerio Pires.